quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Pequenas histórias que o tempo não apaga"

Manuel João Carvalho Barrocas, ex-Aluno nº 159
Olá Amigo Carlos! Tudo bem? Mais uma notícia triste a morte do nosso camarada Silvino. Lembro-me bem dele. Era um colega muito vivo bom jogador de futebol no convés, um rapaz alegre. Fico passado com estas notícias... Mas que vamos fazer a vida é assim mesmo. Ás vezes ponho-me a pensar naquele tempo e lembro-me de coisas interessantes como esta: Haviam na Fragata muitos ratos e davam 2 decilitros de vinho (claro! Que como somos muito católicos o vinho era bem baptizado) a quem matasse um rato, e um dia no paiol dos cabos matei um, atei-lhe um cordel ao rabo e fui mostrá-lo ao Sargento Zé Gordo.
Ele tomou nota do meu número e mandou-me deitar o rato à água mas eu não fiz isso.
Levei-o para o paiol e dei-o ao Silvino, só que tirámos o cordel do rabo do rato e atámos-lhe ao pescoço e assim lá bebemos os dois o vinho. Outra coisa que me marcou muito e que creio nunca irei olvidar foi o seguinte: - Por causa dos ratos, um colega nosso de serviço de noite foi à cozinha e pegou fogo a um pouco de toucinho para ir pôr num canto, afim de apanhar um rato. Quando saiu da cozinha, o toucinho ia a arder mas também a pingar pingos incandescentes, que esse nosso colega começou a deixar cair na cara dos que estavam a dormir.
No dia seguinte, havia uma série de colegas nossos queimados na cara. Claro! Foi castigado mas de uma maneira pré histórica. Mandaram-nos formar e, à nossa frente, ataram-no a um pé de carneiro e despiram-lhe as calças e as cuecas. Depois do Comandante, o 1º Tenente Caldeira da Silva ter lido a sentença, todos os alunos graduados lhe deram duas chicotadas nos rabo... Uma barbaridade no meu entender. Os ratos eram tantos, que tivemos que ir para o Forte das Maias em Paço D'Arcos, onde já se encontravam os miúdos Húngaros refugiados de uma revolta que houve na Hungria, para se fazer uma desratização eficiente. Quando entrava para a Fragata um novo colega, era presente ao Tenente Silva que tinha um impedido que nós chamava-mos de "Algarvio".
Ao perguntar-lhe o nome dos pais e se o rapaz dissesse que era filho de pai incógnito, ele dizia para o "Algarvio":
- Põe aí, "filho de pai económico".
E já se matou mais um pouco de saudades.
Desculpe o tempo que lhe roubo. Um abraço para o meu amigo e outro para esse malandro do "Gorila".
Texto da autoria de Manuel João Carvalho Barrocas, ex-Aluno nº 159 (o "Pachachinha")

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