sábado, 26 de janeiro de 2013

Mais um reencontro no "CID"

No final do almoço: Coelho, Braz, Joaquim, Artur e Augusto.
"Antes do repasto" na companhia de um amigo da SNAB.
 
Mais uma vez nos encontramos no restaurante "CID" no dia 25 de Janeiro, para "pormos a escrita em dia". Estes momentos são sempre aproveitados para recordarmos um pouco do nosso passado como ex-alunos da Fragata, contando histórias vividas, algumas delas se, devidamente compiladas, dariam um interessante livro, mas também para falarmos do presente. Aproveitamos este momento de confraternização para lembrar que em 3 de Abril de 2013 faz 50 que a Fragata ardeu, e da possibilidade de o nosso VI Encontro Nacional vir a ser realizado, mas integrado na programação que a Comissão Cultural da Marinha de Guerra está a preparar para o efeito.
Sobre este assunto, e porque ainda se está na fase de organização do respectivo programa, através de contactos já havidos entre o actual comandante da Fragata e a Comissão Organizadora dos nossos Encontros anuais, pouco ainda há para dizer pois aguardamos a divulgação do programa definitivo, para o qual também contribuímos com algumas ideias para a sua concretização.
Brevemente, e quando já houverem novidades mais concretas sobre o evento e o seu programa, todos os ex-alunos serão, com a devida antecedência informados do mesmo, nomeadamente sobre o dia e local da sua realização e das condições para proporcionar a sua participação e dos seus familiares.
Logo após o almoço, e como já se tornou tradição, mais uma vez lá fomos ao British Bar beber o tradicional "Pirata", para refrescar as nossas gargantas já secas de tanto conversarmos.
 
Carlos Vardasca
(Braz, ex-aluno nº 14) 1963-1968

Recordam-se do "Alvor"?

 O José Manuel Salvador ("Alvor") ex-aluno nº 108 (1959-1967)
                  na companhia do Augusto Gomes ("Torta") ex-aluno nº 13 (1963-1966)
em Alvor, no café "Dragão" em julho de 2009.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Estudo sobre a Fragata D. Fernando II e Glória

Clicar nos documentos para os ampliar*
 
Estas Jornadas do Mar realizaram-se de 12 a 16 de Novembro do ano de 2012, sob o tema "O Reencontro Com o Mar no Século XXI". Para além da sua importância que não vamos agora desenvolver dado que na altura já foi efectuada a respectiva divulgação, é no entanto de realçar uma questão, que para nós ex-alunos da Fragata D. Fernando II e Glória se reveste de uma importância que nos deve encher de orgulho.
Se bem estão recordados daquele nosso amigo da Marinha de Guerra (Américo José Vidigal Alves) que está a elaborar uma tese de Licenciatura na Universidade de Lisboa, sob o tema "A Obra Social da Fragata D. Fernando II e Glória - Assistência, Educação e Trabalho no Estado Novo" e que em determinada altura pediu a nossa colaboração para elaborar um inquérito? Pois ele concorreu a estas Jornadas com um resumo do seu trabalho, que entretanto ainda não está concluído, e que com um resumo do mesmo venceu o 1º prémio na área da História e da Sociologia, conforme documento que se anexa.
É de realçar e valorizar esta atitude, vinda de quem não passou por aquela instituição e se empenhou em elaborar aquela tese e com o tema em questão, em contraste com aqueles que tendo sido ex-alunos, e ainda hoje nutrem algum desprezo e até alguma indiferença pelo seu passado, evitando a todo o custo associar a sua imagem àquela instituição que os acolheu na altura que mais precisavam de apoio social.
É claro que compete ao seu autor decidir o que fazer quando aquele trabalho estiver concluído, que irá culminar com a sua defesa na Universidade onde estuda.
No entanto, e devido ao interesse que irá despertar em todos aqueles que se interessam pela nossa história, seria interessante que o mesmo fosse editado em livro, dada a importância da investigação efectuada, que revela alguns aspectos estatísticos por todos nós desconhecidos e outros por nós fornecidos no âmbito da elaboração do processo de investigação e inquérito.
Em nome de todos os ex-alunos, os nossos agradecimentos ao nosso amigo Vidigal pelo tema escolhido, que muitos nos honra e dignifica.
 
Carlos Vardasca
(Braz, ex-aluno nº 14) 1963-1968

* In "Revista da Armada" nº 470 - Ano XLII, Janeiro de 2013, páginas 11, 12 e 13. 


Recordações de um tempo que já não volta

 Clicar no documento para o ampliar
 
Quem é que não o conhece? Trata-se de José Mateus do Espírito Santo Figueiras, ex-aluno nº 163 ("Portimão"), que esteve na Fragata D. Fernando II e Glória de 1955 a 1957. Se te recordas e pretendes entrar em contacto com ele, o seu e-mail é o seguinte: figj2001@yahoo.com.br
 
Nota: Durante algum tempo não foi possível actualizar as informações no "Cesto da Gávea", devido a uma avaria no sistema do Google que finalmente foi solucionada.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

"Na sapataria Gomitos". História de Aníbal Cabrita

Aníbal Cabrita em primeiro plano, na companhia do "Albufeira" e do João Coelho, por altura do V Encontro Nacional dos Antigos Alunos da Fragata D. Fernando II e Glória, realizado no Bombarral no dia 2 de Junho de 2012.
Aníbal Cabrita. Ex-Aluno nº 229
 
Havia no meu tempo, a bordo da nossa  Fragata, o sapateiro, figura austera, com cara de poucos amigos, vendo-se no rosto uma acentuada cicatriz, dizia-se que fruto de uma antiga rixa do seu tempo de juventude.
Era hábito então a bordo usarmos aqueles "sapatinhos" com os quais viemos ao mundo, porque os outros, os verdadeiros, esses serviam apenas para as saídas; acontecia porém que durante o inverno e principalmente nos dias chuvosos os mais friorentos tomavam a "liberdade" de os calçar, coisa que irritava grandemente o nosso amigo sapateiro, uma vez que o uso continuado dos sapatos significava mais trabalho para ele.
Quando isso acontecia, o homem protestava, praguejava, ameaçava, vociferava e sei lá que mais.
Lembro-me ainda daquela pequena porção de sabão que nos era distribuída, creio que uma vez por semana, para a lavagem da roupa e higiene pessoal, "mordomias" a que alguns dos nossos camaradas pouco habituados consideravam um desperdício de tempo, e que por isso iam acumulando nos seus cacifos  um considerável "pé de meia" daquele precioso bem.
O sapateiro ao se aperceber de que uma parte da rapaziada era "alérgica" ao uso do sabão e que o mesmo se acumulava inutilmente nos cacifos, logo tratou de iniciar uma "pedinchice" a que alguns iam cedendo, e assim  conseguia delapidar os mais incautos.
Não sei o que me passou pela cabeça  na altura,  lembrei-me então de fazer uma sátira ao sapateiro em forma de versos e cantá-los numa daquelas peregrinações a Fátima organizadas pelo padre Fatela capelão de bordo.
O sucesso foi grande e logo a notícia se propagou, chegando ao conhecimento do sapateiro; o pior foi o que sucedeu a seguir. O sapateiro ao chegar a bordo apresentou queixa ao tenente Vinagre, só que trocou os números e em vez de se queixar do 229 queixou-se do 219 de alcunha o "Bicho Mole".
Quando o tenente confrontou o "Bicho Mole" com o assunto, o pobre do rapaz  sem perceber patavina do que se estava a passar, quedou-se estupefacto a olhar para o tenente que imediatamente se apercebeu que dali poderia surgir tudo menos sátiras ao sapateiro, e tratou de correr com os dois do seu gabinete.
Eu que assisti a tudo a partir do camarote do Mestre Dias, o "Serradura", vi o sapateiro sair praguejando, e durante algum tempo vivi receoso de que ele viesse a descobrir o verdadeiro autor dos versos, porque o homem não era propriamente para brincadeiras.
Embora toscos, aqui vão os versos que me valeram na altura ser chamado de poeta.

É na sapataria Gomitos
Que se fazem os sapatitos
P'rós alunos da Fragata,
É com cada disparate
Que sempre que calço um sapato
Nasce-me no pé uma batata.

Quando os meus sapatos arranjou
O Gomitos não me poupou
E arranjou-os com sola grossa.
Quando um sapato descalcei,
Muito espantado fiquei,
Tinha no pé uma mossa.

Ora disso lhe fui falar
Coxeando e a chorar
Ele respondeu-me então.
P'rós sapatos bem arranjados,
Vocês estão informados
Quero que tragam sabão

Desde aí então
Tenho juntado muito sabão
E levado ao sapateiro;
Mas para isso chego a  andar
Com a roupa por lavar
Por vezes o mês inteiro.

Os meus  sapatos
O sapateiro para fazê-los
Copiou os últimos modelos
Dos habitantes da lua,
Vejam se não tenho razão,
É com cada sapatão
Que mais parece uma falua.

Nota: Gomes, era o nome do sapateiro, daí o diminuitivo "Gomitos".
Falua, era o nome dado às embarcações que faziam o transporte de mercadorias entre as duas margens do Tejo.

A lua, era na altura muito falada e cantada, era uma incógnita pois o homem não tinha ainda chegado lá.

Aníbal Cabrita
ex-Aluno nº229
(1956-1959)