quarta-feira, 16 de março de 2011

Veleiros que fizeram história

O clipper “CUTTY SARK”, construído na Escócia em 1869 é hoje monumento exposto em doca seca de Greenwich, Londres. Navegou durante trinta anos com pavilhão português sob as denominações de “MARIA DO AMPARO” e “BARCA FERREIRA”
O “Cutty Sark”, um dos maiores veleiros de todos os tempos foi construído com o objectivo de encurtar, em tempo, a rota da seda, entre o oriente e a Grã-Bretanha.
Aquela denominação viria mais tarde a ser marca de whisky cujos proprietários tiveram a feliz ideia de patrocinar regata anual de grandes e pequenos veleiros.
A regata de 1998, partiu de Falmouth, em Julho e concluiu etapa em Lisboa em Agosto do corrente ano, associando-se à grande celebração dos oceanos que teve por palco mundial a EXPO 98.
Na regata participaram embarcações de todas as nacionalidades, velhas, novas, grandes e pequenas com o limite inferior de 9,1 metros na linha de flutuação.
O troféu pode ser ganho por qualquer navio de qualquer nacionalidade, seja qual for o seu porte. Não são os organizadores nem os patrocinadores quem decide o vencedor.
Este é decidido por votos de todos os Capitães dos navios participantes após consulta à tripulação, metade da qual é constituída por jovens entre os 15 e os 25 anos de idade. Sairá vencedor o navio cuja tripulação mais tenha contribuído para o melhor entendimento e amizade entre os participantes durante as várias etapas de que se compõe a regata. O troféu é modelo em prata do clipper “CUTTY SARK”.
Na regata de 1998 participaram cerca de 100 embarcações de todas as classes. Lisboa teve a feliz oportunidade de visitar, no Tejo, alguns dos grandes veleiros da classe A (mais de 36,6 metros de comprimento) como o mexicano “Cuauchtemoc”, o columbiano “Glória” ), o italiano “Palinuro” , os russos “Kruzenshtern” e “Mir”), o polaco “Mlodziezy”, o alemão “Alexander Von Humbolt” e os portugueses “Sagres” e “Creoula” , outros da classe B (entre 30,5 e 48,8 metros) como o inglês “Winston Churchil” e da classe C (menos de 30,5 m) de entre os quais se destacam a nossa caravela quinhentista “Boa Esperança”, a escuna “Polar”, a corveta “Vega” e o macaense “Santo Nome de Deus de Macau”.
Todos os grandes veleiros são escola de aprendizagem e treino de futuros marinheiros; coexistem as novas e velhas tecnologias: astrolábio e navegação por satélite; comunicação por sinais sonoros e bandeiras e potentes estações de telecomunicação; velas latinas e redondas e potentes motores de propulsão.
Os veleiros galearam airosamente no dia 6 de Agosto de 1998, nas águas do Tejo, velas enfunadas, guarnições em formatura no convés e espalhadas sobre vergas e enxárcias, em saudação ao Chefe do Estado de Portugal postado na Torre de Belém
nesse mesmo lugar donde partiram no século XV outros veleiros à descoberta das rotas marítimas das Índias e das Américas.

Armando Reis Leitão
Antigo Funcionário Administrativo da Sociedade Nacional de
Armadores do Bacalhau (SNAB) e Administrador da empresa.

Foto: Veleiro Cutty Sark em plena navegação. Este veleiro viria a sofrer um violento incêndio em Londres no dia 21 de Maio de 2007

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