Quem ao passar na rua não ouviu esta expressão popular acima expressa? Pois é! Não íamos ao mar como qualquer marinheiro no exercício da sua actividade náutica, e como o nosso fardamento era idêntico ao de "marujo", razão pela qual a manifestação carinhosa desta expressão à nossa passagem.
Bom! Após esta pequena introdução, em jeito de brincadeira, apresento-me para quem não me conheceu na foto:
Entrei para a Fragata em 1 de Abril de 1963 (?), com 11 anos de idade - só em Julho faço anos -, foi-me atribuído o nº 15. No mesmo dia que me apresentei na Fragata constaram que me encontrava bastante doente, mandaram-me apresentar no Posto Policlínico do Corpo Santo em Lisboa. Assim, regressei a Lisboa, na vedeta da tarde, para ser observado pelo médico de serviço do Posto Clínico. Após a observação fui enviado para Liga dos Amigos dos Hospitais, onde fiquei internado.
A 3 de Abril, do mesmo ano, a Fragata D. Fernando foi vítima de um violento incêndio a bordo deixando-a quase totalmente destruída. Encontrando-me na altura do fogo internado na Liga dos Hospitais, assim não presenciei nem fui vítima daquele lamentável incidente. Quando voltei à instituição passados alguns meses, após internamento, fui apresentar-me na Capitania do Porto de Setúbal onde se encontrava a Obra Social da Fragata D. Fernando em situação provisória.
Assim, já na instituição em Setúbal aí frequentei as aulas da 4ª Classe - Instrução Primária -, e, em simultâneo, pela mão do seu instrutor cabo "Borracha", a ter aulas com o instrumento "caixa" e a fazer parte da Fanfarra da Fragata D. Fernando. A Fanfarra era muita acarinhada pela população de Setúbal e muito solicitada para as festas religiosas com grandes desfiles na Avenida Luísa Tody, que orgulho sentíamos em tocar na fanfarra e os outros alunos também orgulhosos da sua fanfarra a acompanhava no passeio junto da população que aplaudia e pedia esclarecimentos.
Sinto grande orgulho em ter sido aluno da Fragata D. Fernando II e Glória, ainda hoje!
Não pelas razões quer m levaram àquela instituição, claro! Mas isso foi um grande trauma que devastou a minha família mas que o tempo ajudou a sarar. Assim, pegando na Instrução Primária aí completei com distinção, juntamente com outro aluno e amigo de nome Alegria.
Após a conclusão da Instrução Primária fui para o MNF - Movimento Nacional Feminino, em Junho de 1963, a aguardar idade para poder estudar à noite e ingressar nas Organizações Administrativas das Pescas. Aí encontrei alunos mais velhos que trabalhavam no MNF, com direito a almoço e jantar no Refeitório da Junqueira e pernoitar na Escola de Pesca de Pedrouços, assim como alunos que iam para os Estaleiros da Parry & Son, num total de 12 alunos na época.
Em 1966, já a estudar à noite ingressei nas Organizações das Pescas no Grémio A.P. Bacalhau, tendo sido colocado no Gabinete do Delegado do Governo dos Organismos das Pescas (Sr. Almirante Henrique Tenreiro) como groome/paquete, neste local já tinham passado companheiros da Fragata dos primeiros alunos (1940).
Estudando sempre à noite na Escola Comercial Veiga Beirão e ICL - Instituto Comecial de Lisboa (hoje ISCAL) ingressei no serviço militar até 1974, como miliciano no Ministério do Exército - Direcção do Serviço de Pessoal e Gabinete de sua Excelência o Ministro do Exército, fui para este lugar pela excelente classificação obtida na especialidade - Serviço de Administração Militar (SAM).
Em 1974, fazia parte dos Quadros de Pessoal do Grémio A.P. Bacalhau, regressei ao mesmo e com a sua extinção (Organismos Corporativos) fui colocado na CRCB - Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau, onde me mantive até à sua extinção (1986). Após a extinção da CRCB fui convidado a assumir o cargo de responsável de abastecimento de bacalhau, peixe congelado e marisco para as Beiras e Trás-os-Montes com entreposto na cidade da Guarda, com capacidade para 300 toneladas operacionais nas CRCB, SA - Companhias Reunidas de Congelados e Bacalhau, SA (capital estatal).
Em 1990, fui convidado para ir para o GEPP - Gabinete de Estudos e Planeamento das Pescas, como técnico-superior, onde permaneci durante dois anos até pedir a passagem à reforma da Função Pública.
Em 1993, como consultor de comercialização de pescado (importação) exerci consultadoria com empresa própria a diversas empresas do ramo de pescado congelado e bacalhau.
Em 2000, por motivos de doença fui obrigado a restingir a minha actividade profissional.
Estou reformado da Função Pública, sou TOC por formação (...)
Com orgulho de ter pertencido a uma instituição - Fragata D. Fernando II e Glória/Obra Social da Fragata D. Fernando.
Envio forte abraço para todos os amigos companheiros
Joel Costa Inácio
(ex-aluno nº 15 - 1963-1964)
Foto 1 e 2: O Joel fardado a rigor, e no Jardim das Janelas Verdes (o terceiro a contar da esquerda) na companhia do Braz, "Alfaçe", "Moçambique", Paulo ("Sapateiro"), João Borrego e "Fanã". Lisboa 1966.
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