quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Finalmente encontrámos o Joel, que também quis juntar-se "à nossa Tripulação".


"Marinheiros de Água Doce"

Quem ao passar na rua não ouviu esta expressão popular acima expressa? Pois é! Não íamos ao mar como qualquer marinheiro no exercício da sua actividade náutica, e como o nosso fardamento era idêntico ao de "marujo", razão pela qual a manifestação carinhosa desta expressão à nossa passagem.
Bom! Após esta pequena introdução, em jeito de brincadeira, apresento-me para quem não me conheceu na foto:
Entrei para a Fragata em 1 de Abril de 1963 (?), com 11 anos de idade - só em Julho faço anos -, foi-me atribuído o nº 15. No mesmo dia que me apresentei na Fragata constaram que me encontrava bastante doente, mandaram-me apresentar no Posto Policlínico do Corpo Santo em Lisboa. Assim, regressei a Lisboa, na vedeta da tarde, para ser observado pelo médico de serviço do Posto Clínico. Após a observação fui enviado para  Liga dos Amigos dos Hospitais, onde fiquei internado.
A 3 de Abril, do mesmo ano, a Fragata D. Fernando foi vítima de um violento incêndio a bordo deixando-a quase totalmente destruída. Encontrando-me na altura do fogo internado na Liga dos Hospitais, assim não presenciei nem fui vítima daquele lamentável incidente. Quando voltei à instituição passados alguns meses, após internamento, fui apresentar-me na Capitania do Porto de Setúbal onde se encontrava a Obra Social da Fragata D. Fernando em situação provisória.
Assim, já na instituição em Setúbal aí frequentei as aulas da 4ª Classe - Instrução Primária -, e, em simultâneo, pela mão do seu instrutor cabo "Borracha", a ter aulas com o instrumento "caixa" e a fazer parte da Fanfarra da Fragata D. Fernando. A Fanfarra era muita acarinhada pela população de Setúbal e muito solicitada para as festas religiosas com grandes desfiles na Avenida Luísa Tody, que orgulho sentíamos em tocar na fanfarra e os outros alunos também orgulhosos da sua fanfarra a acompanhava no passeio junto da população que aplaudia e pedia esclarecimentos.
Sinto grande orgulho em ter sido aluno da Fragata D. Fernando II e Glória, ainda hoje!
Não pelas razões quer m levaram àquela instituição, claro! Mas isso foi um grande trauma que devastou a minha família mas que o tempo ajudou a sarar. Assim, pegando na Instrução Primária aí completei com distinção, juntamente com outro aluno e amigo de nome Alegria.
Após a conclusão da Instrução Primária fui para o MNF - Movimento Nacional Feminino, em Junho de 1963, a aguardar idade para poder estudar à noite e ingressar nas Organizações Administrativas das Pescas. Aí encontrei alunos mais velhos que trabalhavam no MNF, com direito a almoço e jantar no Refeitório da Junqueira e pernoitar na Escola de Pesca de Pedrouços, assim como alunos que iam para os Estaleiros da Parry & Son, num total de 12 alunos na época.
Em 1966, já a estudar à noite ingressei nas Organizações das Pescas no Grémio A.P. Bacalhau, tendo sido colocado no Gabinete do Delegado do Governo dos Organismos das Pescas (Sr. Almirante Henrique Tenreiro) como groome/paquete, neste local já tinham passado companheiros da Fragata dos primeiros alunos (1940).
Estudando sempre à noite na Escola Comercial Veiga Beirão e ICL - Instituto Comecial de Lisboa (hoje ISCAL) ingressei no serviço militar até 1974, como miliciano no Ministério do Exército - Direcção do Serviço de Pessoal e Gabinete de sua Excelência o Ministro do Exército, fui para este lugar pela excelente classificação obtida na especialidade - Serviço de Administração Militar (SAM).
Em 1974, fazia parte dos Quadros de Pessoal do Grémio A.P. Bacalhau, regressei ao mesmo e com a sua extinção (Organismos Corporativos) fui colocado na CRCB - Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau, onde me mantive até à sua extinção (1986). Após a extinção da CRCB fui convidado a assumir o cargo de responsável de abastecimento de bacalhau, peixe congelado e marisco para as Beiras e Trás-os-Montes com entreposto na cidade da Guarda, com capacidade para 300 toneladas operacionais nas CRCB, SA - Companhias Reunidas de Congelados e Bacalhau, SA (capital estatal).
Em 1990, fui convidado para ir para o GEPP - Gabinete de Estudos e Planeamento das Pescas, como técnico-superior, onde permaneci durante dois anos até pedir a passagem à reforma da Função Pública.
Em 1993, como consultor de comercialização de pescado (importação) exerci consultadoria com empresa própria a diversas empresas do ramo de pescado congelado e bacalhau.
Em 2000, por motivos de doença fui obrigado a restingir a minha actividade profissional.
Estou reformado da Função Pública, sou TOC por formação (...)
Com orgulho de ter pertencido a uma instituição - Fragata D. Fernando II e Glória/Obra Social da Fragata D. Fernando.
Envio forte abraço para todos os amigos  companheiros

Joel Costa Inácio
(ex-aluno nº 15 - 1963-1964)

Foto 1 e 2: O Joel fardado a rigor, e no Jardim das Janelas Verdes (o terceiro a contar da esquerda) na companhia do Braz, "Alfaçe", "Moçambique", Paulo ("Sapateiro"), João Borrego e "Fanã". Lisboa 1966.  

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