Cresta da Associação
Entrada da Associação
Prato em porcelana com o símbolo da Associação
Vitrina de exposição dos troféus
Emblema da Associação
Foto de grupo
Como
tem sido hábito, da cada vez que vou de férias (seja para onde for) levo sempre
comigo duas listagens de contactos de amigos meus; uma dos ex-alunos da Fragata
D. Fernando II e Glória (1963-1967) e outra de ex-companheiros que comigo
partilharam as agruras do conflito colonial (Moçambique 1971-1973).
Como este ano rumei ao sul (Albufeira) e
como por terras próximas vivem alguns ex-alunos daquela “última nau das
Índias”, estabeleci com eles contacto para organizarmos uma “sardinhada”.
Depois dos contactos efectuados, telefonei primeiro para o Floriano que não
atendeu e depois para o Quintino, para lhes transmitir a relação das pessoas
que iam estar presentes, pois tinham ficado os dois de comprar as sardinhas e
os carapaus para o almoço de confraternização.
Quando liguei ao Quintino, cerca da
meia-noite e trinta, respondeu-me ele numa voz muito ténue o que motivou a
minha interrogação:
¾ Onde é que estás metido que te estou a ouvir muito mal? Ao que ele me
respondeu muito entusiasmado ao reconhecer a minha voz apesar do adiantado da
hora:
¾ Epá Braz! ¾ Estou ao largo de Albufeira a bordo
do meu barco com o Floriano, à pesca de chocos e de lulas e já temos um balde
bem aviado.
No
dia seguinte (Sábado, dia 22 de Agosto) lá fomos para a “sardinhada” na antiga
Casa do Faroleiro (por cima da Marina de Albufeira), hoje reconvertida numa
interessante Associação denominada “CLUBE ESCOLA AMIZADE”, cujos responsáveis e
associados são gente ligada ao mar; ex-alunos da Fragata D. Fernando II e
Glória; ex-oficiais da Marinha de Guerra; ex-funcionários da Marinha Mercante e
outros da Frota Bacalhoeira que rumava aos bancos pesqueiros da Groenlândia.
Devido
a compromissos de alguns, não éramos muitos, mas o suficiente para fazermos daquele convívio uma forma de estreitarmos laços de amizade e revivermos
momentos já idos, mas que não esquecemos porque fazem parte da nossa memória
colectiva.
Como
a minha filha Mafalda não quis ir (pois diz não ter paciência para ouvir “histórias
de cotas”) fiz-me acompanhar pela Odília e por um casal amigo (Edgar e Celeste)
que estavam de férias em Pedras d’el-rei, mas que se prontificaram a participar
naquele convívio do qual saíram entusiasmados, apesar de nenhum deles ter
qualquer vivência relacionada com a vida no mar.
Depois
da “sardinhada” fizemos uma breve visita às instalações da Associação, que se
pautava pela excelente organização do espaço. Desde uma pequena biblioteca, à
vitrina de exposição dos troféus, à ornamentação das paredes com motivos
alusivos ao mundo náutico.
No
final da visita às instalações da Associação e ao seu pequeno Museu, eu e o
Edgar (ambos da direcção da CACAV e embora não estivéssemos ali nessa
qualidade) adquirimos uma “Cresta” com o símbolo da respectiva colectividade
para ser exposta na nossa CASA AMARELA em Alhos Vedros, ficando a promessa de
um dia (se tal for possível e em data a combinar) realizar-se um intercâmbio
cultural entre o CLUBE ESCOLA AMIZADE de ALBUFEIRA e a CACAV. Círculo de
Animação Cultural de Alhos Vedros.
Por
ser uma pequena Associação e onde apenas alguns “carolas” se dedicam de uma
forma entusiástica “à causa” (o que me faz recordar outras que conheço) o que
mais me fascinou (para além do convívio) foi a preocupação daquela Associação
em dedicar um pequeno espaço das suas instalações ao “Museu do Mar”.
Apesar
do espaço exíguo, nele convivem pequenas memórias relacionadas com a vivência
dos seus associados enquanto “lobos-do-mar”.
Redes
de pesca; artefactos relacionados com a faina marítima; pequenos aparelhos de
comunicação e de sinalização ou de detecção de cardumes em alto mar; miniaturas
de embarcações das diversas artes de pesca, enfim: um pequeno museu onde se
tenta preservar uma memória colectiva para que as novas gerações tenham ali um
testemunho do que foi a vida de trabalho dos seus avós e pais, onde através
deles se recordam momentos de felicidade, mas também de alguma tragédia pela
perda de vidas tragadas pela “fúria dos mares” que, “zangados”, se abatiam
contra as frágeis embarcações que acabavam por “adormecer” no fundo dos
oceanos.
Fiquei
de facto fascinado com aquele pequeno espaço museológico e da preocupação dos
membros daquela pequena Associação que, sem recursos financeiros, tentam
preservar um pouco daquilo que foi a memória colectiva de quem se dedicou à
vida do mar, e da qual me tornei seu associado.
A
partir deste exemplo, e aproveitando a “embalagem”, não compreendo como é que
no concelho da Moita, mais concretamente em Alhos Vedros, localidades com
maiores potencialidades financeiras (em relação a uma pequena Associação) e que
outrora foram de forte implantação da actividade agrícola; das indústrias
Corticeira e Confecções Têxteis, ainda não exista um núcleo museológico onde
sejam expostos artefactos relacionados com aquelas indústrias, que seriam de
facto de interesse público e um motivo para que as novas gerações vissem
expostos utensílios e ferramentas (embora hoje ultrapassados pelas novas
tecnologias) que fizeram parte do desenvolvimento industrial da região e que
foram, debaixo de grande exploração patronal, o ganha-pão dos seus pais e avós.
Em
relação a este último parágrafo, seria bom que os responsáveis autárquicos do
concelho da Moita pensassem nisto, mas fora do período eleitoral, pois tudo o
que se possa dizer neste período soa sempre a oco e nunca é concretizado, a
exemplo de outras tantas promessas mas nunca cumpridas.
Carlos Vardasca (Braz, ex- aluno nº 14 - 1963-1968)
28 de Agosto de 2015