António Grifo (também na foto em destaque) na companhia de ex-fragatas na "Assada de peixe" realizada em Lagos no dia 27 de Agosto de 2011.
António Grifo (ao centro) com 12 anos de idade, na companhia do "Alcantarilha" e do "Alfaçe".
O nosso adeus ao companheiro “Grifo”
Há coisas que não estão na nossa vontade em determinar a nossa presença entre aqueles que mais queremos, ou perpetuar a amizade que nutrimos para com os nossos amigos que caminharam por trajectos sinuosos de uma vida um pouco conturbada. A vida por vezes prega-nos inesperadamente uma partida para a qual não estamos preparados, ao ponto de nos roubar os momentos de felicidade que pensávamos viver eternamente, embora também não tivéssemos, tendo em conta as circunstâncias da vida, os cuidados em a preservar.
O nosso companheiro “Grifo”, de figura um pouco franzina mas aparentando gozar de uma felicidade transbordante, foi mais um de entre tantos os que não conseguiram transpor “aquela curva da vida”, que decide aquilo que dizem ser o nosso destino.
A vida do nosso companheiro “Grifo” foi sempre desde muito cedo muito atribulada, a partir do momento que, com apenas 13 anos de idade conseguiu transpor uma vigia e esconder-se dentro do batelão que abastecia a Fragata D. Fernando II e Glória de água e fugir daquela velha Nau, por temer represálias de um dos sargentos por lhe ter atirado à cabeça uma barra de ferro.
Desde esse dia, ninguém mais soube do paradeiro do “Grifo” dado que nunca mais regressou à instituição, sabendo-se mais tarde que foi parar a Moçambique onde se empregou nos Caminhos de Ferro de Moçambique, inicialmente como fogueiro e mais tarde como maquinista, não deixando no entanto de em ambas as profissões e durante alguns anos, de encardir os seus pulmões com a fumarada negra e espessa do carvão queimado que servia de força motriz àquelas antiquíssimas locomotivas.
Depois de alguns anos em África e de regresso a Portugal, empregou-se numa pedreira, empresa de corte e tratamento de mármores (onde trabalhava sem qualquer equipamento de protecção) o que também não era nada saudável e em nada veio a contribuir para restabelecer e regenerar o seu sistema respiratório, de onde mais tarde veio a sofrer as suas consequências.
Isto tudo para vos dizer que o nosso companheiro António Marques Santos Grifo (“Grifo”) de 66 anos de idade, nascido em 8 de Fevereiro de 1945, ex-aluno da Fragata D. Fernando II e Glória com o número 244, tendo entrado em 1955 e saído em 1959, natural de Mexilhoeira Grande, Lagos (Portimão), ex-combatente na Guerra Colonial, faleceu no passado dia 29 de Dezembro de 2011, vítima de repentina doença pulmonar.
A última vez que estive com ele foi no verão deste ano, tendo sido ele o organizador da “Assada de Peixe” no dia 27 de Agosto em Lagos, que serviu de pretexto para que os ex-fragatas residentes na zona do Algarve se encontrassem em breves momentos de convívio, onde também o saudoso “Grifo” teve a amabilidade de oferecer à minha filha Mafalda uma colecção de búzios do mar, que a mesma disse, ao saber do seu falecimento, ir continuar a preservar como prova da sua singela gratidão.
Para quem não teve conhecimento, o funeral do nosso companheiro “Grifo” realizou-se na passada Sexta-feira, dia 30 de Dezembro pelas 17,30 horas, tendo o seu corpo sido transportado para o cemitério de Lagos.
A todos os seus familiares e amigos e em nome de todos os ex-alunos da Fragata D. Fernando II e Glória, “Cesto da Gávea” envia os seus sentidos pesamos, e esteja ele onde estiver aqui fica o nosso abraço solidário.
O nosso companheiro “Grifo”, de figura um pouco franzina mas aparentando gozar de uma felicidade transbordante, foi mais um de entre tantos os que não conseguiram transpor “aquela curva da vida”, que decide aquilo que dizem ser o nosso destino.
A vida do nosso companheiro “Grifo” foi sempre desde muito cedo muito atribulada, a partir do momento que, com apenas 13 anos de idade conseguiu transpor uma vigia e esconder-se dentro do batelão que abastecia a Fragata D. Fernando II e Glória de água e fugir daquela velha Nau, por temer represálias de um dos sargentos por lhe ter atirado à cabeça uma barra de ferro.
Desde esse dia, ninguém mais soube do paradeiro do “Grifo” dado que nunca mais regressou à instituição, sabendo-se mais tarde que foi parar a Moçambique onde se empregou nos Caminhos de Ferro de Moçambique, inicialmente como fogueiro e mais tarde como maquinista, não deixando no entanto de em ambas as profissões e durante alguns anos, de encardir os seus pulmões com a fumarada negra e espessa do carvão queimado que servia de força motriz àquelas antiquíssimas locomotivas.
Depois de alguns anos em África e de regresso a Portugal, empregou-se numa pedreira, empresa de corte e tratamento de mármores (onde trabalhava sem qualquer equipamento de protecção) o que também não era nada saudável e em nada veio a contribuir para restabelecer e regenerar o seu sistema respiratório, de onde mais tarde veio a sofrer as suas consequências.
Isto tudo para vos dizer que o nosso companheiro António Marques Santos Grifo (“Grifo”) de 66 anos de idade, nascido em 8 de Fevereiro de 1945, ex-aluno da Fragata D. Fernando II e Glória com o número 244, tendo entrado em 1955 e saído em 1959, natural de Mexilhoeira Grande, Lagos (Portimão), ex-combatente na Guerra Colonial, faleceu no passado dia 29 de Dezembro de 2011, vítima de repentina doença pulmonar.
A última vez que estive com ele foi no verão deste ano, tendo sido ele o organizador da “Assada de Peixe” no dia 27 de Agosto em Lagos, que serviu de pretexto para que os ex-fragatas residentes na zona do Algarve se encontrassem em breves momentos de convívio, onde também o saudoso “Grifo” teve a amabilidade de oferecer à minha filha Mafalda uma colecção de búzios do mar, que a mesma disse, ao saber do seu falecimento, ir continuar a preservar como prova da sua singela gratidão.
Para quem não teve conhecimento, o funeral do nosso companheiro “Grifo” realizou-se na passada Sexta-feira, dia 30 de Dezembro pelas 17,30 horas, tendo o seu corpo sido transportado para o cemitério de Lagos.
A todos os seus familiares e amigos e em nome de todos os ex-alunos da Fragata D. Fernando II e Glória, “Cesto da Gávea” envia os seus sentidos pesamos, e esteja ele onde estiver aqui fica o nosso abraço solidário.
Carlos Vardasca
(Braz, ex-aluno nº 14. 1963-1968)
30 de Dezembro de 2011
(Braz, ex-aluno nº 14. 1963-1968)
30 de Dezembro de 2011