
sábado, 30 de abril de 2011
Reportagem do IV Encontro Nacional (informação)

quarta-feira, 27 de abril de 2011
Os Veleiros do Bacalhau

Dom Manuel Trindade Salgueiro, filho de pescador que se perdeu em naufrágio, assim se despediu dos pescadores:
― “Sou de Ílhavo, terra de mareantes, num litoral bordado de capelinhas brancas. Quantas vezes não tenho sentido tragicamente a epopeia simples dos pescadores, quer junto à nossa costa, quer lá longe, nesses mares onde o céu é de chumbo, o mar um sepulcro, e onde, por vezes, entre as águas e as nuvens, tudo parece perdido! Marinheiros de Portugal! Vós sois os continuadores dos nautas de antanho...”
Os Lugres transportavam nos conveses pilhas de frágeis botes – Dóris - que os pescadores chamavam “douros”. O bacalhau era capturado com linhas e anzóis em minúsculas embarcações de quatro metros de comprido, boca aberta, fundo chato, sem quilha nem leme, três tábuas no fundo e quatro ao lado, sem patilhão, sem cintos de salvação nem caixas-de-ar para boiar; um par de remos, vela e palamenta.
Um solitário homem a bordo do Dóri, arriado do Lugre às quatro horas da manhã e içado às cinco da tarde para enfrentar vaga, nevoeiro, frio gélido, a duas ou três milhas do navio. Os Dóris eram frágeis, mas não o eram os pescadores que os tripulavam.
Cinco meses em risco permanente de vida, o trabalho prosseguia no lugre, noite fora, na escala e salga do peixe, quatro horas de sono. Em períodos de abundância, houve pescadores que aguentaram 40 horas a trabalhar, sem dormir.
Os temporais, podiam surgir sem pré-aviso, com os Dóris no mar correndo o pescador o risco de se afogar, perder, ser abalroado ou desfazer-se contra o próprio navio.
O “Maria da Glória” além dos inúmeros temporais que suportou não aguentou o último e definitivo que não foi desencadeado por forças da natureza.
O airoso Lugre de madeira de 3 mastros navegava, em 1943, no Estreito de Davis em direcção aos pesqueiros da Gronelândia. Subitamente, sem que a tripulação se apercebesse da presença de qualquer navio de guerra, caíram granadas no mar e depois no próprio lugre que, rapidamente se incendiou. Vários pescadores morreram e Sílvio Ramalheira, Capitão de Ílhavo de família de grandes Capitães, foi gravemente atingido. Arriaram-se nove Dóris que também foram alvejados. Só então a tripulação se apercebeu da presença de submarino e mais tarde se soube que a sinistra máquina de guerra afundava tudo o que encontrasse na rota do couraçado alemão “Bismark”, perseguido pela aviação e marinha inglesa. Suportaram tempestades durante quatro dias. Não dispunham de água ou de comida. Endoideciam, morriam. No quinto dia só havia três Dóris.
Passados 9 dias foram avistados por avião que largou caixas de sinais e comida. Esses sinais foram captados por navio canadiano que acudiu ao último Dóri. Só ali encontrou seis sobreviventes. Morreram trinta e seis homens do “Maria da Glória”, sacrificados por uma guerra em que Portugal não entrou. Capitão Sílvio esteve muitos meses sem poder andar e nem ele nem qualquer dos seus tripulantes deram pela silhueta do "Bismark" nos onze dias que andaram à deriva.
O bacalhau foi vida de inferno para os pescadores dos Lugres. Estes homens não podem ser responsabilizados pela degradação dos pesqueiros, não pescaram imaturos, lutaram nas condições mais adversas, contra mar, vento e icebergues no Grande Banco e mares da Gronelândia, cemitérios de muitos navios e tripulantes. Graças à sua abnegação e sacrifício, durante a segunda guerra mundial, não faltou em Portugal o alimento preferido.
Na década de quarenta a frota bacalhoeira integrava, entre outros, os seguintes lugres:
ALCION, ANA MARIA, AVIZ, ANA I, JOÃO JOSE II, JULIA I, JULIA IV, GROENLANDIA, 1º NAVEGANTE, NAVEGANTE II, NAVEGANTE III, NEPTUNO II, NORMANDIE, LEOPOLDINA, MARIA CARLOTA, PAÇOS DE BRANDÃO, SENHORA DA SAUDE, DOM DENIZ, RAINHA SANTA, FLORENTINA, MARIA PRECIOSA, CRUZ DE MALTA BRITES, SÃO JACINTO, GASPAR, ILHAVENSE II, INFANTE DE SAGRES SANTA ISABEL, GAZELA I, ARGUS, HORTENSE, CREOULA, MARIA DA GLÓRIA, SANTA MARIA MANUELA, SANTA MARIA MADALENA, TROMBETAS, NOVOS MARES, DELÃES, OLIVEIRENSE, LUSITANIA III, LABRADOR, SANTA QUITÉRIA.
Portugal, a três mil milhas dos pesqueiros, foi o último país do mundo a enviar uma frota de vela ao Atlântico.
Armando Reis Leitão
Antigo Funcionário Administrativo da Sociedade Nacional de
Armadores do Bacalhau (SNAB) e Administrador da empresa.
Foto: Lugre “Maria da Glória” afundado pelo submarino alemão U94 da Classe VIIC
domingo, 24 de abril de 2011
Humberto Teixeira. Ex-Aluno da Fragata é motivo de artigo no jornal "Correio da Manhã"

(...) A Metro Transportes do Sul compromete-se a criar rampas de acesso a todas as estações, zonas reservadas a pessoas com mobilidade reduzida no interior do veículo ou botões de paragem com maior tempo de abertura de portas. Medidas que irão agradar a Humberto Teixeira (1), de Almada.
Residente no Lar Santiago, Humberto Teixeira, de 64 anos, é tetraplégico. Um desnível impede-o de circular no único meio de transporte disponível, apesar da porta indicar que se trata de um veículo adaptado. A empresa assegura que cumpre todas as normas nacionais em termos de acessibilidade.
Mas os transportes não são o único factor de bloqueio na vida de Humberto. Aceder a serviços da Justiça constitui uma autêntica odisseia. Confrontado pelo CM, o Ministério adianta que está prevista a abertura de um Espaço Registos em Almada, conceito que integra vários balcões, eliminando as deslocações a diferentes serviços.
Outra dor de cabeça são os Correios. A remodelação está em curso e custa 600 mil euros – 74 estações aguardam intervenção. Dentro de dois anos todas as estações deverão ter rampas e elevadores de acesso a cadeiras de rodas.
"DEGRAUS OBRIGAM-ME A FICAR NA RUA"
Tinha 50 anos quando foi esfaqueado no decorrer de um assalto. Perdeu a mobilidade e ficou tetraplégico. Nos cinco anos seguintes viveu quase isolado num lar em Setúbal que não tinha acessibilidades. Humberto Teixeira tem agora 64 anos e ganhou um novo estímulo para viver graças à cadeira de rodas eléctrica oferecida pela Associação Salvador. Esta cadeira dá--lhe mais autonomia e é mais confortável do que a anterior que já nem andava de tão velhinha.
Humberto Teixeira vive actualmente no Lar Santiago, em Almada, que está inclusivamente a adaptar as suas casas de banho.
Para este fadista que ainda está a aprender a lidar com a deficiência, as mudanças têm de ser estruturais. O acesso ao registo predial, por exemplo, faz-se através de uma longa escadaria e a solução encontrada é esperar que uma funcionária desça: "Os degraus obrigam-me a ficar na rua". Para enviar uma carta pelo correio tem de esperar que um cliente o ajude. Um degrau impede-o de aceder à estação dos CTT, no Centro de Almada, e Humberto Teixeira fica novamente à porta. Apesar das limitações não desiste do seu sonho: "Ter um estabelecimento para cantar o fado", um meio onde diz ser "bastante discriminado" (...)
Residente no Lar Santiago, Humberto Teixeira, de 64 anos, é tetraplégico. Um desnível impede-o de circular no único meio de transporte disponível, apesar da porta indicar que se trata de um veículo adaptado. A empresa assegura que cumpre todas as normas nacionais em termos de acessibilidade.
Mas os transportes não são o único factor de bloqueio na vida de Humberto. Aceder a serviços da Justiça constitui uma autêntica odisseia. Confrontado pelo CM, o Ministério adianta que está prevista a abertura de um Espaço Registos em Almada, conceito que integra vários balcões, eliminando as deslocações a diferentes serviços.
Outra dor de cabeça são os Correios. A remodelação está em curso e custa 600 mil euros – 74 estações aguardam intervenção. Dentro de dois anos todas as estações deverão ter rampas e elevadores de acesso a cadeiras de rodas.
"DEGRAUS OBRIGAM-ME A FICAR NA RUA"
Tinha 50 anos quando foi esfaqueado no decorrer de um assalto. Perdeu a mobilidade e ficou tetraplégico. Nos cinco anos seguintes viveu quase isolado num lar em Setúbal que não tinha acessibilidades. Humberto Teixeira tem agora 64 anos e ganhou um novo estímulo para viver graças à cadeira de rodas eléctrica oferecida pela Associação Salvador. Esta cadeira dá--lhe mais autonomia e é mais confortável do que a anterior que já nem andava de tão velhinha.
Humberto Teixeira vive actualmente no Lar Santiago, em Almada, que está inclusivamente a adaptar as suas casas de banho.
Para este fadista que ainda está a aprender a lidar com a deficiência, as mudanças têm de ser estruturais. O acesso ao registo predial, por exemplo, faz-se através de uma longa escadaria e a solução encontrada é esperar que uma funcionária desça: "Os degraus obrigam-me a ficar na rua". Para enviar uma carta pelo correio tem de esperar que um cliente o ajude. Um degrau impede-o de aceder à estação dos CTT, no Centro de Almada, e Humberto Teixeira fica novamente à porta. Apesar das limitações não desiste do seu sonho: "Ter um estabelecimento para cantar o fado", um meio onde diz ser "bastante discriminado" (...)
Artigo de Ana Carvalho Vacas (Correio da Manhã, 24 de Abril de 2011)
(1) Humberto António Pereira Teixeira ("Calmeirão") ex-aluno da Fragata D. Fernando II e Glória, nº 159 de 1958 a 1964.
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Humberto Teixeira no "Correio da Manhã"
sexta-feira, 22 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
Quem nos ajuda a encontrar o "Zé Nabo"?

Conforme já o provámos, nada é impossível. Partimos para esta "Odisseia" no início de 2010 apenas com três contactos de ex-alunos, e hoje, passados apenas alguns meses (cerca de um ano) já temos na nossa listagem geral cerca de cento e quinze ex-alunos que de novo voltaram a fazer parte da nossa "tripulação", cujos endereços estão à disposição de todos para os podermos informar daquilo que vai acontecendo entre nós. É claro que a nossa "tripulação" ainda não está completa. Sem contar com aqueles que "já não estão entre nós", ainda estão alguns ex-alunos por aí dispersos, alguns deles nem sabem que andamos à sua procura. É o caso do Augusto José de Almeida Santos, ex-aluno nº 16, mais conhecido pelo "ZÉ NABO", cujas características de que todos nós nos lembramos, tinha muito jeito para o jogo da bola, cuja habilidade fascinava quem de perto assistia aos seus toques e às suas fintas. No passado IV Encontro realizado em Cacilhas muito se falou dele, mas do seu paradeiro nada mais se soube. Pois é amigos. Se todos concordarem, iniciemos a partir de agora mesmo uma espécie de "rusga a todos os cantos imaginários", para ver se trazemos este nosso companheiro para junto da nossa "tripulação", e termos o imenso prazer de contarmos com ele para o próximo V Encontro Nacional dos Antigos Alunos da Fragata D. Fernando II e Glória, a realizar para o ano, se assim todos entenderem que se deva efectuar a sua realização, para o qual aguardamos as sugestões de todos, tanto em relação à data e à localidade onde o V Encontro deva ocorrer, bem assim como, quem de entre nós está disposto para o ano a fazer parte da Comissão Organizadora do evento.
Carlos Vardasca (Braz, ex-aluno nº 14)
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Quem nos ajuda a encontrar o "Zé Nabo"?
quarta-feira, 6 de abril de 2011
IV Encontro Nacional dos Antigos Alunos da Fragata D. Fernando II e Glória (Fotos)
A Comissão Organizadora
Augusto Gomes
Carlos Vardasca
Joaquim Lopes
José Alves
Fotos 1 e 2: Os ex-alunos iniciam a visita à Fragata.
Foto 3: O "Caguincha" ofereçe ao Comandante uma bola de trapos, idêntica às que se utilizavam nos desafios de futebol a bordo.
Foto 4: Momento da entrega pela Comissão Organizadora ao Comandante da Fragata, de um placa de agradecimento em nome de todos os ex-alunos presentes no Encontro.
Foto 5 e 6: Os ex-alunos ouvem o discurso de boas vindas do Comandante da Fragata e reunidos na ré para foto em grupo.
Fotos 7 e 8: Durante o almoço e momentos de confraternização.
Foto 9: Entrega do painel em azulejo ao "Albufeira", detentor da senha amarela com o nº 99.
domingo, 3 de abril de 2011
"Quando a nossa NAU naufragou". 03 de Abril de 1963





Augusto Fernando Gomes
ex-aluno nº 13 ("Torta") 1963-1966
Foto 1, 2 e 3: Vários aspectos do incêndio da Fragata D. Fernando II e Glória, no dia 03 de Abril de 1963.
Fotos 4 e 5: Os alunos da Fragata recolhidos na Escola Profissional de Pesca de Pedrouços após o incêndio. Na foto 5 podem ver-se, entre outros, o Tenente Alves e o Augusto Fernando Gomes (o primeiro a contar da direita e autor deste texto) na companhia de outros alunos recém chegados do Hospital S. José onde foram tratados a ferimentos ligeiros.
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